2 de jul. de 2010

O Garanhão e o "Golpe no Mundo da Bola"...

Agorinha mesmo, antes que a jabulani comece a rolar no gramado do estádio Nelson Mandela Bay, cheio de cococrutos e morrinhos artilheiros - todos disfarçados com grama sintética - o Garanhão de Pelotas recebe em mãos documento enviado desde Brasília pelo seu observador atento, o jornalista Jesus Afonso. Trata-se de um dossiê completo do caderno de Economia do jornal Correio Braziliense.

Por incrível que pareça, em plena Copa do Mundo, a manchete salta das páginas esportivas para as que tratam de economia e margeiam os encartes de polícia: "Golpe no Mundo da Bola".

Ali, dentre uma completa descrição de maracutaias e embolações, a matéria revela: "clubes de futebol não declaram a venda de jogadores para o exterior. Banco Central já identificou irregularidades cometidas por 22 agremiações no valor de US$ 49,6 milhões. Grêmio e Flamengo são os maiores devedores".

Diante desse lead em forma de sutiã e lendo a relação com os valores devidos pelos clubes, Jesus Afonso, comenta estarrecido o que ficou sabendo e num berro só, sintetiza a sua irônica indignação:

- O quê quié isso, minha gente?!?

E nem precisava dizer mais nada. Seu berro foi como se dissesse, num sintético editorial:

- E ninguém vai preso? E o Timemania vai pra essa gente? E a Lei de Incentivo ao Esporte continua servindo para comprar tapioca? Cadê o Ministério do Esporte? Cadê o ministro? Cadê o governo? Cadê a vergonha? Cadê a história do meu, do seu, dos nossos times? Quando e onde é que isso vai parar?!?

O Garanhão de Pelotas, conhecendo como conhece Jesus Afonso, já remeteu ao estupefato jornalista uma resposta rápida e rasteiramente filosofal:

- Meu caro Jesus Afonso, isso aqui iôiô é só um pouquinho do Brasil, iáiá.

Guardou o dossiê e, distribuindo as tarefas de apoio logístico as suas três profícuas secretárias, dedicou-se à agradável missão de se aprochegar dos mezze gregos, canapés asiáticos e especialidades italianas, algumas das iguarias postas à mesa de seu camarote Vip.

Com um suave toque de sua charmosa bengala, afastou um representante do populacho que se aproximara da sacada de sua aprazível cabine oferecendo-lhe pipoca e uma vuvuzela. Agora, sua atenção é toda voltada para o gramado do Nelson Mandela Bay. Acomodou-se, mas ainda teve tempo de sussurar ao ouvido da secretária ruiva:

- Era só o que me faltava: pipoca e vuvuzela... Só se fosse pra soprar na cara do Maradona!