14 de jul. de 2010

Lula, o Dilma & Mano Renato, o Gordo

Ontem o Garanhão de Pelotas tirou um tempinho do seu tempo e fez uma rápida visita a Brasília. Numa das mesas do Carpe Diem, entre um chopinho gelado e outro, ele recebeu o cheque que lhe repassei em nome da Rede de Intrigas & Comunicações pelo seu trabalho na África do Sul. A bem de conversa ele me contou o que tinha visto ontem em São Paulo, no seu regresso ao Brasil Da Silva. E foi contando:

- Lula, hexa campeão de transgressões à lei eleitoral, ao "inaugurar" ontem o edital de licitação do trem-bala, botou a culpa na postulante Dilma, a Tetra: ele alardeou, candidatando-se a mais uma multa, que tudo se deve ao esforço da sua ex-ministra.

O Garanhão continuou detalhando:

- Ele deu as cartas e jogou de mão. Ainda lembro bem o que Lula disse: "A verdade é que nós devemos o sucesso disso tudo que a gente está comemorando a uma mulher. Nem poderia falar o nome dela, mas a história a gente não pode esconder por causa da eleição. Dilma assumiu a responsabilidade de fazer esse Trem de Alta Velocidade e foi ela que cuidou. Não podemos negar isso".

Eu interrompi o próximo gole e meti a minha colher torta: - Quer dizer... já que ser mãe do PAC não deu em nada, agora ser madrinha do trem não tem nada demais. É só mais uma promessa que vai sair dos trilhos.

Garanhão de Pelotas concordou e pediu mais uma tulipa e foi em frente no seu relato do factóide:

- Com sua veneranda memória histórica Lula enfeitou o lance botando mais fichas na jogada. Ele comparou a construção do trem bala a projetos mundiais megalomaníacos e meteu a Torre Eiffel na parada. Com seu gênio escrachado de fazer política e de cobrir bosta com merengue rouquejou que a construção e manutenção da torre em Paris "deve ter enfrentado mais de cinco mil ações populares."

Ñão consegui segurar as pontas: - É um brincalhão. Fosse ainda vivo, meu irmão caçula Renato - O Gordo, teria nesse Cara um de seus maiores concorrentes em brincadeiras de mesa de bar.

É bom lembrar: o Gordo inventava histórias com a História e, de propósito, misturava épocas e personagens. Mas era de propósito.

E fui recordando... Essa aí do trem-bala com a Torre Eiffel é digna daquela que o Gordo contava para alegrar as noites da sua simplória boemia, quando jurava que Helena de Tróia desafiou Joana D'Arc, pegou seu cavalo e saltou o Muro das Lamentações, "só para dar uns relhaços em Caim que não deveria ter matado Abel, só porque o irmão mais moço tinha lhe dado umas bolinadas".

O Garanhão de Pelotas foi um bom amigo do Gordo. E, diante do que eu lhe recordava, comentou com a altivez de quem sabe apreciar um chopinho bem tirado:

- Lula seria um páreo duro para o Gordo... É que nenhuma imaginação, por mais fértil que seja, é capaz de superar o besteirol que salta aos borbotões da cabeça de um presideus. A diferença é que os alhos por bugalhos de Lula são sempre sem-querer... Mas com segundas intenções. E até terceiras - que Lula é fã de uma terceirização.

Como o Garanhão tinha que retornar a São Paulo, pedimos a conta e antes que ele puxasse o seu cartão corporativo, complementei o papo que me trouxe o Gordo de volta por alguns bons momentos:

- Esse encontro, no entanto, nunca se realizaria. O Gordo gostava de bons companheiros. E se cuidava dos que tem azia quando não fazem o que eles querem. É bem como ele sempre dizia sobre os riscos de se conviver com parceiros rancorosos: - "O Hitler era um cara bom; só não gostava de ser contrariado".

O Garanhão concordou com um leve sorriso que denunciava saudade amiga, pagou a conta e nos despedimos na frente do restaurante - onde políticos e jornalistas se cutucam entre o bufê mais bem nutrido de Brasília. Ele entrou na sua limunsine e rumou para o aeroporto JK; eu fui no meu Logan para a sede da Rede. Pelo menos meu carro tem nome de uísque.