A mídia brasileira, deslumbrada com as cores da pátria de motor, agora condena Felipe Massa porque ouviu a voz do dono e deixou Fernando Alonso passar e ganhar a corrida. Puro cinismo vestido de patriotada.
Já que são tão isentos assim, já que colocam o espírito do barão de Coubertain acima das linhas editorias que obedecem cegamente, acima de suas memoráveis isenções jornalísticas, paguem então o salário que Felipe Massa recebe da Ferrari.
Contrariem os desejos de seus patrocinadores e ladrem - com sua fidelidade canina - que a tal birita 51 não passa de um palpite furado que dá um porre que se conhece no dia seguinte e que a dor de cabeça só passa uma semana depois; que aquele bumerangue não leva mais Ronaldo Fenômeno a lugar nenhum e ainda na volta bate nas fuças de todo mundo; que o cigarro dá câncer e que o uísque aquele faz mal ao fígado de todos nós.
Felipe Massa escutou a voz do dono, deixou o espanhol passar e vai continuar empregado, ganhando um salário que comentarista nenhum do Brasil ganha ou pode pagar. Se a Fórmula-1 é esporte ou não, pouco importa. É - afora os espaços de jornalismo de "bancada" - um dos programas mais chatos de televisão que já se viu na face da Terra.
A mídia esportiva brasileira é uma pandilha de sevandijas; de profetas do acontecido, de arquitetos de obras prontas. Uma banda podre de esganiçados comentaristas de replay.