Ontem, na inauguração do edital de licitação de mais uma obra de ficção, o trem-fantasma, Lula excedeu no seu deboche à obediência à lei que jurou cumprir fielmente quando subiu a rampa do Palácio para presideusar o Brasil.
Em pleno palanque com contornos de gare ferroviária ele pisoteou o compromisso que, por duas vezes, mentiu que assumiria. Mentiu na cerimônia de posse do primeiro mandato e no replay que protagonizou no vale a pena ver de novo da sua segunda temporada palaciana.
Dessa vez ele transgrediu e, não foi por acaso; foi porque quis; foi de propósito, do alto de sua certeza de que está acima do bem e do mal; que é imune e impune. E extrapolou:
"A verdade é que nós devemos o sucesso disso tudo que a gente está comemorando a uma mulher. Nem poderia falar o nome dela, mas a história a gente não pode esconder por causa da eleição. Dilma assumiu a responsabilidade de fazer esse Trem de Alta Velocidade e foi ela que cuidou. Não podemos negar isso".
Já que ninguém toma providências; já que ninguém se lembra mais o que é impeachment nesse país, resta o consolo para quem tem olhos para ver, ouvidos para ouvir e boca ainda para falar, de que ao atribuir enganosamente a responsabilidade do trem-fantasma para sua postulante predileta, Lula está verdadeiramente acusando-a de mais uma obra que não entrará nos trilhos e nem sairá do papel.
De Mãe do PAC, divertida e irresponsavelmente, o intocável presideus descarrilou os vagões da lei dos homens para consagrá-la como a Deusa do Trem-Fantasma que, de início e para sempre, vai transportar votos e nada mais.