Mas o Garanhão de Pelotas sempre tinha olhos e ouvidos para o que acontecia também fora das quatro linhas. Certa feita escutou na rádio Cultura, uma entrevista de Caçapava, bom de bola e ruim de etiqueta. Mas sincero e puro, tanto quanto poderia ser um craque daquelas priscas eras.
- Perfeitamente. Faço o possível para o nosso grupo alcançar um resultado positivo.
- Você prefere enfrentar o Pelotas ou o Farroupilha?
- Gosto de ganhar dos dois. Mas, o Pelotas é adversário; o Farroupilha é inimigo.
- Jogar eu jogo, mas quero um seguro... Sabe cumé, o futebol é uma caixinha de surpresas...
- Você tem medo que a zaga entre pra quebrar?
- Evidente. Quero me precaver... Não quero acabar aí que nem o Tibirica.
- Como assim, que nem o Tibirica? O Tibirica jogava um bolão...
- Ué, jogar jogava, mas taí ó, porteiro de cabaré e fazendo jogo de bicho...
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No dia seguinte, Tibirica - grande craque do passado - foi chamado na delegacia de polícia. Depois das explicações, livre de um registro por contravenção, pois provou que era tudo invencionice de um falastrão, foi à casa de Caçapava. Morreu sem encontrar o linguarudo.
Caçapava, quando soube que Tibirica queria falar com ele, não renovou com o Brasil. Foi jogar em Porto Alegre. Parece que no Inter - o Garanhão de Pelotas não tem compromisso com notícias esportivas, para ele o que vale é a versão.
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O romântico G. E. Brasil - Xavante 1961. Em pé: Osvaldo Barbosa - Catarina - Caçapava - Candiota - Canário e Geóvio. Agachados: Edi - Toquinho - Betinho - Birinha e Pintinho.
COMENTÁRIO - Uma lembrança dos bons tempos do futebol pelotense. Como tinha 11 anos de vida na epoca evocada, e como torcedor do meu brioso ¨Farrapo¨. Fico emocionado em saber por que o meu time era considerado inimigo do time do Brasil. Parabéns pelo texto. (Rubens)