O Garanhão de Pelotas ficou atônito. Passeando por Bruxelas, misturado à plebe ignara no centro da cidade, deu de cara com a postulante Dilma Roucheffe. Não entendeu nada. O que Dilma estaria fazendo sabe-se lá o quê naquelas paragens tão distantes dos debates político-eleitorais. Seguiu seus passos e viu quando ela foi abordada por alguns jornalistas.
E ouviu bem direitinho quando ela deu um chega pra lá em tudo que pudesse parecer contato de qualquer grau dela e do PT com o esquema de espionagem contra o tucano Zé Serra. O Garanhão viu quando ela foi dura e de pouca ternura:
— O jornalista Lanzetta não é do PT. Nós contratamos uma empresa. Ela tem responsabilidade jurídica por ela. O que ela faz é responsabilidade dela. O PT não autoriza, não contratou e não tem nenhum dos seus militantes em contato.
Aí, o Garanhão subiu nas tamancas e falou com seus botões dourados: - Como assim?!? Uma postulante à Presidência da República Federativa do Brasil e seu partido contratam uma empresa, pagam a essa empresa e não querem nem saber o que é que essa empresa está fazendo?
Sismado, continuou seu monólogo: - Como assim?!? A postulante e o seu partido não fazem concorrência, ou sequer se informam se a prestadora de serviços tem ficha limpa?
E foi se perguntando: - Como assim?!? A postulante e seu partido não perguntam nem mesmo qual é o programa, o roteiro ou o script da atuação dessa empresa?
Detetivesco, prosseguiu se perguntando e se respondendo: - A postulante e o PT contrataram a Lanza para quê? Pelo visto, a resposta é simples: Dilma e o PT contrataram a empresa de Lanzetta para não fazer absolutamente nada. O resto é picadura de tucano. Simples assim.
PERNA CURTA
Ainda lá em Bruxelas viajando antes mesmo de saber se vai subir a rampa - tenta desde já bater o recorde turístico de Lula - respondendo sobre se Lanzetta estaria falando em nome do PT, Dilma disse e se desdisse na mesma hora, com firme convicção:
— Não, não estavam falando em nome do PT, e nós já dissemos isso todas as vezes em que nos perguntaram. Não estavam contratados por nós, não falavam em nosso nome, não têm autorização para falar no nosso nome. O PT não pode se responsabilizar pelo que faz uma empresa. Nós contratamos o serviço da empresa. Aliás, é bom que se diga: eles não prestaram serviços só para nós.
Aí, o Garanhão não resistiu. Voltou ao monólogo: - Como assim?!? "Não estavam contratados por nós"... "Nós contratamos o serviço"... "Eles não prestaram serviços só para nós"...
O Garanhão nem quis ir mais adiante. Apenas concluiu: - Nuncanahistoriadessepaís uma postulante ao Palácio foi tão clara e tão explícita: o dossiê "não existe" mesmo!
E foi desse jeito que o Garanhão de Pelotas descobriu assim, meio sem querer, lá em Bruxelas que Dilma tem mais uma virtude físico-político-partidária: perna curta.