Talvez pela pressão de estar dividido entre o sentimento de não torcer pelo futebol do time de Dunga e também não querer a vitória do Chile, o Garanhão de Pelotas hoje levantou de cara amarrada e espírito armado até os dentes.
Já chegou no saguão do breakfast do Sandton Hilton meio de faca na bota. Deixou que a mais loira de suas três secretárias fosse ao bufê e lhe trouxesse o quebra-jejum. Pegou um jornal brasileiro, desses grandes que levaram para a África uma chusma de repórteres-torcedores e se fixou nos parágrafos referentes às táticas e estratégias de jogo.
Não lucrou nada. Só falavam dos técnicos que ficaram no Brasil, "enquanto Dunga e Maradona estavam se deliciando no país de Nelson Mandela".
O Garanhão subiu nas tamancas. Deixou a leitura de mão e enviou sua matéria matinal para a rede de rádio, TV, jornais e revistas que o garante como seu correspondente esportivo:
Dunga e Maradona, dois neófitos como treinadores - ambos com passado de boleiros e cheiro de vestiário - estão provando até aqui uma verdade que a mídia interesseira esconde: técnico de futebol é uma balela, pura enganação.
Dunga e Maradona, desde que foram ungidos para dirigir as seleções de seus respectivos países, sofrem o peso das críticas impiedosas dos entendidos que choram seus ídolos de pés de barro.
Nuncanahistoriadessepaís - para ser bem lulático nessa hora - as carpideiras de luxemburgos, muricys e outros gênios do imaginário futebolístico tinham derramado tantas lágrimas. Esses nelsinhos, tites, leões, cucas, autuoris, geninhos, genéricos e similares que andam por aí, são meros entregadores de camiseta. Ruins de doer. Piores do que Zagallo e Parreira - campeões mundiais. Nem mais nem menos do que Dunga e Maradona.
Antes de começar a sua primeira refeição do dia, ainda pensou, mas não escreveu: - Ah, o que o meu saudoso Galego, o sério e competente Paulo de Souza Lobo não faria aqui nessa Copa!?!