29 de jun. de 2010

O Garanhão já está em Port Elizabeth & o goleiro é culpado...

A bordo de seu eventual Chrysler 2010 conversível, já na auto-estrada que leva ao Poseidon Lodge - a melhor pousada de Port Elizabeth, uma cidade que só tem hotéis quatro estrelas, o Garanhão de Pelotas ignora a algaravia de suas três secretárias executivíssimas e lamenta consigo mesmo como é dura a vida de um correspondente esportivo internacional.

O que é que a Fifa tinha que inventar um jogo mata-mata da seleção do Dunga contra a Holanda, num estádio chamado Nelson Mandela Bay, numa cidade dessas, em que a gente tem que se hospedar numa pousada com vista sobre o Oceano Índico e entrada para uma praia privada... E logo numa sexta-feira?!? Parece que bebem.

Mal chega, acomoda-se em uma das mesas à beira da piscina e descarta as suas três ninfas rumo ao Scenarium, para que vejam os golfinhos a saltar no mar, enquanto ele repuxa suas atenções para o jogo dos amestrados dungosos contra a Laranja Mecânica.

O primeiro grande susto da manhã que se despedia para dar lugar à hora do almoço, é que não era um susto, eram dois: primeiro, Elano está recuperado e deve voltar ao time; segundo, Felipe Melo também e, com o Ramires amarelado, tem retorno garantido ao meio de campo mais destrambelhado da Copa Jabulani.

É lendo os jornais brasileiros que caem de paraqueda no Poseidon Lodge, de Port Elizabeth, sede de mais uma paupérrima exibição das camisas do Dunga e os palpites de um Jorginho, que o nosso herói acha tudo muito chato e se volta para as páginas da política.

Como é tudo a mesmice de sempre, salta para o caderno de polícia. E pronto! Lá estava de novo o futebol na maior embolação: o goleiro Bruno, acusado de dar sumiço numa garota em que fez um filho, foi dispensado pelo Flamengo, até que se desenrede das malhas da lei.

Quer dizer, para a diretoria do Flamengo Bruno é culpado até prova em contrário. Logo o Flamengo que sempre botou a culpa nos zagueiros, agora dedurou o goleiro. O pior é que tudo leva a crer que o clube está com a razão. Bruno, o que engole frango vai ter que ir comendo essa massinha.

Entre uma página e outra, lê nas entrelinhas que assim que a Copa do Mundo chegue ao fim, seja qual for o resultado, a dupla Batman e Robin da CBF perde o trono para Leonardo, aquele que até bem pouco foi treinador do Milan. Aí sim, Ronaldinho Gaúcho será convocado para 2014. De bengala e tudo, vai ser titular absoluto.

Enfastiado com o noticiário, o Garanhão de Pelotas devolve os jornais à biblioteca Poseidon, resolve tomar um rápido banho de sol e só então dirige-se aos seus aposentos para o seu tradicional banho de espuma, com sais e flores regionais.

As meninas chegam a tempo para a tradicional sessão de massagem, seu "aquecimento" preferido para abrir o apetite insaciável. A mais moreninha desocupa-se e vai ao interfone encomendar o almoço: bife acebolado com carne de avestruz. Bem leve, com apenas uma colherinha de sal, um fio de azeite grego, um cebola cortada em tiras, maionese com respingos de limão, quatro colheres de vinho tinto africano de uva chiraz e meia colher das de chá de Curry. Se não tiver salsinha, dispensem o coentro, por favor.

O pedido foi feito para quatro pessoas. Quatro porções de filés de 500 gramas cada um e um simples e moderníssimo arroz branco para acompanhar. E um bom Meerlust Rubicon 2003, é evidente. Afinal, o que é um vinhozinho de R$ 250 para quem recebe uma diária de 700 Euros aqui do blog?!? Mais pobre que isso, só as camisas do Dunga.

A partir do momento em que a garota desligou o intercomunicador com a Copa que mais agrada ao nosso correspondente, o Garanhão sabia que tinha apenas trinta minutos para, antes de vestir-se fazer alguma coisa com aquelas três patetas que o cercavam e ainda chegar a tempo de ver o garçom aproximar-se com o almoço bem ao ponto de temperatura e sabor para ser deglutido.  

O Garanhão de Pelotas, já a caminho do restaurante reiterou sua convicção de que qualquer uma das três secretárias tinha tudo para ser presidente de qualquer República, inspirou-se com o clima de Porth Elisabeth e suspirou fundo:

- Como é dura essa vida de correspondente esportivo aqui na África! Ah, que saudade do estádio Bento Freitas, lá na minha terra - aquela pátria pequena que eu tenho no Sul!