26 de nov. de 2010

A vez do N e do P em Hai-Hai

N
Namoro abusado
Era de fato
A gata do sapateiro:
Gata e sapato!...

Natal
Que coisa legal
Ser filhinho de rico
Em cada Natal

Necropsia
Não tem jeito:
Foi de bala perdida...
Dentro do peito.

Negócios
Entre eles dois,
Seu azar: deu primeiro,
Pra comer depois.

Neo-ruralismo
O que mais se vê:
Dono de fazenda ser
Do MST.

Noel
O Papai Noel
Não troca os seus cristais por
Sacos de papel.

Esparrela

Namoro e complexo
Aos 13 anos, tinha o complexo da feiúra. O nariz grande e metido a adunco incomodava o seu senso estético. Mesmo assim, já tinha sucesso com as menininhas da quadra. Arranjou uma que visitava todo santo anoitecer. O pai dela não sabia. A mãe vigiava de perto. Eles namoravam sempre na porta de entrada da casa, antecipando um pequeno corredor rumo à porta de acesso ao resto da residência.

O corredor era escuro e se prestava para as pequenas descobertas e os grandes amassos da adolescência de antigamente. Ele saía sempre com as mãos nos bolsos, partes pudendas doloridas e prontas para o fim de caso no banheiro da casa dele.

Mesmo confiante naquela paixão juvenil, ele mantinha o complexo do nariz grande. Disfarçava quando estava com a namoradinha, cobrindo-o invariavelmente com a mão, fingindo que o coçava, o alisava ou coisa que o valha. Era assim, do mesmo jeito que as pessoas de dentes irregulares fazem quando riem.

Naquele entardecer, a irmãzinha caçula não deu trégua. A mando da mãe, ficou na volta, enchendo o saco, fazendo doce de pêra, impedindo a evolução do namoro. Mal e mal trocaram dois beijinhos. Ele, impaciente, resolveu dar no pé. Voltaria amanhã, na esperança de que o diabo da maninha não viesse atrapalhar.

Beijou a namoradinha, levemente nos lábios, fez um carinho hipócrita na garotinha, despediu-se e afastou-se. Sempre com a mão cobrindo o narigão, escondendo o complexo. De resto, tinha uma certa vaidade pela força do seu charme. Não dera mais que dois ou três passos, quando ouviu a menininha dizer para a irmã mais velha, sua namorada:

- Oi, mana, você viu como ele tem as orelhas de abanico e é dentuço?...

Doeu. Mas foi, a partir dali que ele perdeu para sempre o complexo da feiúra. Nunca mais se preocupou em esconder o nariz. Não havia mão que chegasse para esconder a cara toda.

O

Otimismo
O otimista
Morde-se de inveja
Do pessimista.

Ofensas
Você é ladrão!
E você, um canalha!
E tinham razão.

Prosa

OBRA
Numa de sus personagens mais mal-acabadas, o Garanhão de Pelotas conseguiu fazer na vida, com incontida negligência, algumas coisas muito boas; algumas coisas ruins com surpreendente perfeição. Tantos as boas quanto as ruins tiveram sucesso; estas últimas foram retumbantes.

P

Poesia
Se não é fútil,
Nem vã a poesia,
Quando é útil?

Polícia
Não é nada, não.
Ao invés da polícia
Chama o ladrão!

Policiamento
Oh, gente fina,
Toda autoridade
Tá na esquina.

Pena
Tô decidido:
Contra pena de morte,
Não do bandido!

Política
Lula, o Vândalo!
Nada rende mais voto
Que escândalo.

Paspalho
Genro - engula...
Você é só o Tarso
Do velho Lula.

Parlamento
Sindicância:
É Casa do Povo, ou
De tolerância?!?

Putz!
Vai acreditar,
Que o PT não rouba,
Nem deixa roubar?!?

Pobreza
Tenho certeza,
O PT vai boicotar
Nossa pobreza.

Pauleira
Povo é mala.
Se Zé Dirceu se meter
Leva bengala!

Povo
Tudo de novo:
Povo não é nada na
Casa do povo.

Poção de cotovelo
Dor que assola?
Ouve mais um tango
De Piazzola.