9 de nov. de 2010

Sem Estatura

A discussão sobre os veículos de comunicação está na agenda, ameaça o quase-escanteado Franklin Martins, o Caçador da Mídia. Ontem em Brasília, ele falou em mais um encontro sobre o assunto patrocinado pelo dinheiro público. Chama a censura de Controle Social das Comunicações, mas às vezes diz que é Marco Regulatório - codinome que dona Dilma Vana já assimilou.
Foto: R. Stuckert/PR
O Sr. Tesourão e seu modelito de democracia. O grandão da esquerda quer meter a tesoura na liberdade de expressão no Brasil. O carcomido senhor embaixo do braço amigo já meteu a dele há muito tempo lá em Cuba.

Martins que até hoje não explicou direitinho porque foi mandado embora da TV Globo, vituperou com cara de ex-guerrilheiro ferido que "A discussão está na mesa, está na agenda, ela terá de ser feita. Pode ser feita num clima de entendimento ou de enfrentamento”. Como assim?!? A iminente demissão subiu pra cabeça?!?

Antes de pegar em armas outra vez, seu Franklin Tesourão deveria dar um pulo até à Constituição-Cidadã de 88 e ir ao Art. 220 do capítulo que trata da Comunicação Social, aí então pedir para Lula ler para ele: "A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição".

E no parágrafo 1° desse mesmo artigo está lá com todas as letras: "Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social...". No parágrafo 2° Lula pode traduzir para você: "É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística".

Ao correr do texto constitucional, como qualquer texto, há controvérsias. Há reticências, há buracos negros, altos e abismos... O que precisa ficar claro neste momento em que um conflito está sendo deflagrado contra as tres grandes falsas verdades da democracia - liberdade de credo, de pensamento e de expressão - é que o comandante das hostes invasoras não pode ser um reles equilibrista quase desempregado no grande circo da República Tiririca.

Para falar em Liberdade, Martins deve ter andado por aí lendo alguma coisa de Montesquieu que, a folhas tantas do "Espírito das Leis" sentenciou: "liberdade é a faculdade de fazer o que a lei permite".

Ou, sabe-se lá, se Martins se acha meio Bismark para quem "a liberdade é um luxo a que nem todos podem permitir-se".

Leia quem ele quiser, banque quem quiser bancar, Franklin Martins será apenas, não mais nem menos, do que um reles persecutor da mídia que o escorraçou das redações e dos estúdios rumo às bocas ricas e poderosas dos empregos públicos.

O que o Sr.Tesourão não sabe, ou finge não saber, é que o homem livre não quer dominar a outro; a liberdade está em confronto direto com a escravidão e com a ganância pelo mando. Martins tem que saber que o poder não é mais que uma forma do espírito de sujeição, porque o dominante é aquele que não sabe sentir-se homem, a não ser quando sua força e seu poder decorrem justamente daqueles a quem pretende dominar.

Franklin Martins não tem estatura nem mesmo quando vitupera que "A imprensa tem que ser livre". A frase de efeito tem som de ameaça. É como se ele estivesse deixando de dizer "...os jornalistas, nem tanto; salvo honrosas exceções a nosso critério". Franklin - o Caçador da Mídia, não a tem estatura nem a força que gostaria de ter diante daqueles que não temem, não querem e nem esperam nada.

Se o caso não é esse, então basta uma carterinha de aliado para transformar o grande Franklin - Mestre da Censura, em super-herói hoje à beira do desemprego.