21 de ago. de 2010

A Volta da Mulher da Tesoura

Toda vez que se imagina o que um governo que tem azia quando lê jornais que ele não edita está preparando contra a liberdade de expressão nesse país, ressurge impávida e colosso a figura de Dona Solange, a mulher da tesoura, grande musa da censura nos tempos da Redentora.

Naquele tempo, o Garanhão de Pelotas - nosso correspondente para fins de buscas em alfarrábios, era chefe-de-redação de um "jornal falado" numa emissora gaúcha. Cumpria sua obrigação para com as exigências do DOPS: enviava todo e qualquer texto - jornalístico, musical, publicitário - para censura prévia, na agência mais próxima do famoso e temido Departamento de Ordem Política e Social.

Certa feita, levou até os censores estabelecidos no escritório da cidade de Rio Grande, um comercial de refrigerante. Era um teaser:

"Há dois prazeres na vida... O outro é guaraná!".

Pra quê, mermão?!? Até provar que serenata não era retreita, o Garanhão de Pelotas quase foi preso. O texto jamais foi liberado. Muito mais tarde, já nesse período de ampla, total e irrestrita anistia e suas dadivosas bolsas, o comercial foi para o ar e vendeu o seu peixe.

Hoje, se você escrever que "Dilma tem dois grandes amigos na vida... O outro é Zé Sarney", os marqueteiros palacianos fazem queixa a Franklin Martins e seus escribas amestrados e, em dois tempos, eles darão um jeito de "costurar" a retirada imediata do seu blog do ar.

O Estadão sabe do que o Garanhão está falando. Há um ano ele está proibido de falar nas inocências do filho de Zé Sarney.