6 de ago. de 2010
Serra ficou nas cordas
Se, ao invés de uma gaiola que não deixa margem a voos livres, aquele estúdio fosse um ringue de luta de boxe, Zé Serra seria um pugilista visivelmente constrangido de bater em mulher e em adversários idosos. Parecia ter perdido a vontade de bater.
Usou luvas de pelica. Não bateu no companheirismo do governo com os narcoterristas colombianos; não foi capaz de dar uma pedrada sequer na fanfarronice com o Irã; poupou os mensaleiros, os sanguessugas, os vampiros; não desferiu um jab na mandíbula dos Cesares Battistis; nenhum direto nos conlúios com Sarneys, Renans, Beira-Collors.
Serra não jogou na defensiva, mas também não foi para o ataque. Dava a impressão de que não queria perder no grito. Poderia ter nocauteado de vez os oponentes dando, em cada round, um uppercut em cada dossiê, mandado à lona escândalo por escândalo. Mas, o seu jeito lento e morno de lutar foi escandalosamente precavido.
Poderia pelo menos ter saltitado para mostrar que estava ali para lutar contra mortais comuns e não contra um ente fantástico tipo assim um presideus ou coisa mais ou menos equivalente em termos de divindade. Serra ficou nas cordas, guardando fôlego para o próximo embate.