Reprodução/Site Estalagem St. Hubertus
Na realidade o Garanhão não só fugia do assédio de tietes, ele se esgueirava também das cenas de ciúme do seu trio de secretárias-executáveis diante de mais um caso sério do seu honorável amo e senhor.
Depois de muito relaxar e gozar ao crepitar da lareira que aquecia a suíte colonial da Estalagem St. Hubertus, na bucólica e acolhedora Gramado, o nosso Herói Pampesino foi com sua deslumbrante segunda pele, uma morena de olhos verdes mais profundos que o mar das Antilhas, para o bem frequentado Belle du Vallais Restaurant.
É que essas coisas de andar para cima e para baixo, despertam o apetite. Na verdade, lua de mel à boca de uma chama ardente, dá cio no estômago. E lá estava o elegante casal na mesa cinco do badalado Belle du Vallais, o restaurante mais suiço do Brasil.
Casa cheia, gente de fino trato em todas as mesas. Depois de sorver um premiadíssimo vinho da região, o Garanhão fez a pedida simples: truta com amêndoas.
Aquele clima fazia bem ao ego do garboso e lendário gaúcho pelotense. Gente bonita, rica, cara de importante, pessoas "não comuns", decerto formadoras de opinião. Era bom um certo anonimato, em ocasiões como aquela fugidinha do cotiano e das maledicências citadinas. Mas, nem tanto. A fogueira das vaidades já começava a lambiscar a alma do Garanhão.
Reprodução/site Belle Du Vallais
Eis que seus olhos varriam o ambiente quando bateram na figura do garçom que os atendera, prestando serviço à mesa de um jovem e elegantérrimo casal, de maneiras finas e gestos nobres até para destrinchar o suculento pato com laranja que tinham diante de si.
Nesse instante, o maitre aproximou-se para fazer as honras da casa aqui, na mesa do Garanhão.
O nosso intimorato galã, não resistiu à tentação e aproveitou a ocasião para tirar do public relations do restaurante uma pequena e inocente in/confidência:
- Por favor, quem é o casal naquela mesa; é gente importante?
- Quê nada... Eles agora mesmo perguntaram que são os senhores...
O Garanhão e seu bem-querer venceram com paz e amor aquele início de noite deliciando-se com a culinária da Serra gaúcha. Dia seguinte, no breakfast, o nosso galante Cavaleiro do Extremo Sul lia o Jornal de Gramado, com vasta circulação na região das hortências. Sua foto ocupava meia página da coluna social. A mesa daquele outro lindo par de pombinhos não foi captada pelas lentes do colunista do hight society serrano.
MORAL DA HISTÓRIA - A virtude não caminharia muito longe se a vaidade não fosse sua companheira.