19 de jan. de 2011

Aqui é do hospício!...

Hoje, o Garanhão de Pelotas é médico. Médico, em fim de semana. Curtia o Dunas Clube, as quadras de tênis, o camarãozinho à milanesa com chopinho gelado na pérgula da piscina, a troca de casos engraçados hospitalares por piadas de medicina - que contados assim ao mesmo tempo, soam sempre como pleonasmo. Pura redundância.

Pois o Garanhão relatava, entre um crustáceo e um gole, o seu último plantão. Por acaso decorrido num conhecido hospício da cidade. E saiu uma historieta assim como quem não quer nada:

Por dever de ofício - dizia o doutor - ele analisava o comportamento de tres velhos pacientes. Eles estavam com o pé que era um leque para sair do hospital. O Garanhão, ciente de sua obrigações, partiu para um teste  final antes que lhes pudesse dar alta. Reuniu a trinca e foi perguntando para o primeiro:

- Quanto é dois mais dois?
- Fácil, 29...

O Garanhão deixou aquele de lado e indagou ao segundo paciente:

- Quanto é dois mais dois?
- Terça-feira.

A esperanças de alta baixavam sensivelmente. O Garanhão foi em frente e quis saber do terceiro homem a sua frente:

- E você aí, quanto é dois mais dois?
- Barbada, quatro!
- Viva! Parabéns. Mas como é que você chegou a essa conclusão?
- Simples, doutor... 29 menos terça, igual a quatro!

A turma resolveu jogar mais um desafio de tênis. Foi para a quadra. O Garanhão pegou a raquete e partiu para o confronto com Fernando Costa, outro médico, grande tenista, dono de um dos smashes mais desconcertantes das redondezas. Era um smash surpreendente: nem ele mesmo sabia que rumo a bolinha tomava.

Praticar qualquer esporte, qualquer modalidade com um médico na pista ou em quadra é um noscoômio. Eles não se desligam de seus consultórios, dos seus pacientes, dos seus hospitais. Naquele dia, a clientela de Fernando Costa estava um espanto.

A todo momento o celular tocava no banco situado na lateral da quadra. O jogo parava, ele atendia, receitava qualquer coisa, desligava e o jogo recomeçava.

Quando, pela quarta vez, o celular de Fernando reverberou na quadra, o Garanhão de Pelotas adiantou-se, pegou o telefone e atendeu:

- Alô, aqui é do hospício... Aqui não tem telefone!

Desligou, voltou para o campo de jogo e agora, sim, sem novas interrupções venceu mais uma vez e por dois sets a zero - 6/3 e 6/4 - o seu mais corriqueiro fregues de caderno. Fernando Costa alegou que a atitude inusitada de seu oponente tinha acabado com a sua concentração e desmanchado a sua estratégia de jogo.