24 de jan. de 2011

Honestidade

Parece até mentira, mas o Garanhão de Pelotas  sempre teve, dentre suas amizades, algumas bem cholas, fuleiras, quase muquiranas. Imagine que muitos de seus amigos até trabalhar em banco, eles trabalhavam.

Fiel as suas relações sociais e sem mais o que fazer, o Garanhão  - com frequência - interrompia suas tardes de dolce far niente  para bater papo com Zé Genoíno, íntegro funcionário do Banco Agrícola e velho companheiro de infância, daqueles amigões tipo assim que se entendem até quando estão só de cuecas.

Naquele tempo, o expediente era vespertino e tinha folga de quinze minutos para lanche e descanso dos bancários. Normalmente, a turma toda aproveitava para tomar um café expresso, fumar um cancerzinho e ficar lagarteando na frente do banco, falando mal de uns e bem de outros até voltar à azáfama.

Naquela tarde, Zé Genoíno se queixava para o Garanhão de que alguém, com ares de cliente, o colocara numa fria:

- Pô, Garanha véio, me passaram uma nota falsa de 100 cruzeiros.
- Ah é?... Deixa eu ver.
- Não tá mais comigo, já passei adiante.

Tempo regulamentar esgotado. Zé Genoíno deu tchau pro amigo e voltou para o atendimento no setor de Contas Correntes. Ainda havia muito por fazer naquele fim de tarde de mais uma sexta-feira, antes de se reencontrarem em mais um happy hour no bar do Grande Hotel - pérola arquitetônica com ares monásticos.

MORAL DA HISTÓRIA - As pessoas honradas sempre resultam menos canalhas que as outras.