5 de set. de 2010

L'État c'est moi!

Deixando no ar - como de hábito, em momentos assim - a impressão de que deseja imediatamente conhecer os culpados pela violação do sigilo fiscal de Verônica, filha de Zé Serra, Lula pediu ao ministro de sua Justiça que mande a Polícia Federal apurar o caso - imagine! - "doa a quem doer".

É a mais nova versão para o duela a quien duela do companheiro Fernandinho Beira-Collor. Não vai doer em ninguém. Mas já machucou os ouvidos de quem conhece o espírito da coisa. A Polícia Federal está devidamente aparelhada para bem servir ao Estado. E aqui, no Brasil da Silva, o presideus Lula personifica - dentre outros dissimulados cacoetes ditatoriais - o poder absoluto da pátria.

Se as 80 voltas ao redor da Terra em oito anos lhe propiciaram algum conhecimento de almanaque e o chamado feijão-com-arroz no uso de outros idiomas, o nosso pandego Rei-Sol certamente se apresentaria, num francês suficientemente bom para os ouvidos de um vendendor de caças, helicópteros e submarinos dizendo com sotaque de retirante que L'État c'est moi. Só para não usar o fastidioso espanhol, outra vez.

Para seus apóstolos, o presideus usa suas parábolas em portugues rápido e rasteiro, já devidamente ortografado, dispensando o hebraico quando fala com seus ministros tanto aqui na terra, como no céu. Com Barreto, o da sua Justiça, dá para imaginar que tenha sido assim curto e grosso:

- O Estado sou eu! Finge que manda apurar esse troço, empurra com a barriga e deixa a coisa pra depois de outubro que a gente precisa blindar agora esse poste pra gente não levar choque. Essa é mein kampf!

E então, ainda com o tilintar do telefone no pavilhão auditivo e com a presteza de quem nutre fidelidade canina pelo dono, o súdito cumpriu mais uma ordem de serviço. Ele sabe que até o próprio Hitler era um cara bom... Só não gostava de ser contrariado. Principalmente no idioma alemão.

E assim é que, uma vez mais, trocando o cargo de presidente pelas funções de cabo-eleitoral, Luiz Inácio - o Iluminado, não teve quem lhe dissesse o que Juan Carlos, de Espanha, disse para Hugo Chávez: - Por qué no te callas?!?