Lá pelo início do mundo, nos áureos tempos do auditório da Rádio Cultura de Pelotas, Victor Jascò - um cantor de enorme popularidade local, dava um show de interpretação para uma platéia fanatizada.
Cantava e encantava com seu potente e afinado vozeirão os sucessos de Cauby Peixoto, Francisco Carlos, Jorge Goulart e outros ídolos da incrível e carioca rádio Nacional que ricochetava para os brasís atentos o roteiro musical das chanchadas da Atlântida.
Tanto era aplaudido que Victor Jacó ficou exibido, se entusiasmou e liberou geral:
- Podem pedir o que quiserem ouvir...
Como aprendiz de sonosplasta, eu sabia que Jacó não tinha o dó de dpeito nbecessário para algumas canções da época. Como eu não perdia nenhuma audição dominical da emissora mais pontente do interland gaúcho, lá estava eu na turma do gargarejo. Não resisti à tentação de armar uma boa pra cima do cantor mais popular da casa e, no meio do vozerio ensandecido das macacas de auditório, aprontei pra cima dele pedindo a plenos pulmões:
- Canta O Ébrio! O Ébrio, canta O Ébrio!
Victor Jacó, sentiu os cutupicos. Virou-se para o Jazz Estrela e disse para o maestro, fora do microfone:
- Isso é coisa do Garanhão... Segue o roteiro. Toca Blue Gardenia.
E, aos primeiros acordes de mais um hit parade, me fuzilou com o olhar, enquanto voltava a encantar as moçoilas fanáticas deixando Vicente Celestino pra lá.
MORAL DA HISTÓRIA - O calor da emoção não pode ser tanto que te faça oferecer aquilo que não tens.