5 de jan. de 2012

Nomeação

Como consultor republicano de mídias persecutórias a governos que praticam a famigerada “estratégia de coalizão pela governabilidade”, não perco a menor chance de patrulhar esses focos de domínio popular que integram o plano de poder dos seguidores de Luiz Erário Lula da Silva e suas criaturas.
A estrutura estatal que forma a máquina governamental está minada por terceirizações. Carteirinha de partido aliado vale mais que qualquer diploma. Concurso é ferramenta do passado.
Cargo se preenche com cabo-eleitoral e apaniguados em geral. Ninguém precisa saber nada para ser nomeado para tudo.
Era um dia de palanque e o prefeito da cidade, por acaso do PT – o prefeito e a cidade – entregava medalhas de grande mérito a figuras ilustres da sua base aliada. Foi o justo momento para nomear Secretária Municipal de Ensino, uma professora primária, daquelas feitas nas coxas, sem graduação e sem instrução.
Pertinho daquele palco iluminado, eu pude escutar o rápido diálogo entre a professora e o politicóide. Percebi também o murmúrio de surpresa e indignação que a abrupta nomeação causara na turma do gargarejo.
Constrangida pela honraria, a mestra de ocasião, surpresa e acanhada sussurrou sincera para o prefeito:
- Prefeito, eu não tenho nenhum requisito que me faça merecer este cargo.
O raposão político, sorriu, deu-lhe um tapinha nas costas e, impassível e solene, iniciou um breve discurso para a nova secretária municipal:
- A professora, na realidade, está fora das exigências corriqueiras para o cargo que vai ocupar... mas ela tem muito mais qualidades que o cargo exige.
Assunto encerrado. Indicação consagrada. Nunca na história daquela cidade, a carteirinha partidária tinha valido tão mais do que um diploma de magistério.
MORAL DA HISTÓRIA – Não há quem resista a um carteiraço numa democracia em que é o voto é mais que um direito, uma obrigação.