Nessa onda de filma daqui, grava dali, bem à moda escândalo do Panetone em Brasília, o advogado Daniel Fernandes, ao fazer a defesa dos vetustos e bem dotados Luiz Marques Barbosa e Raimundo Gomes, torna-se forte candidato a ser convocado por Dunga para ser goleiro da nossa seleção, na África. Ele defende o indefensável.
Com uma maquineta de áudio na mão, acusa os dadivosos ex-coroínhas de pedirem dinheiro àqueles a quem religiosamente obedeciam na hora de ajoelhar e rezar. Na gravação, um dos efebos quer saber do nobre causídico: - Quanto é que vale um escândalo desses?
O protagonista da fita é o padre Luiz Marques Barbosa, mas a estrela maior é Fabiano que consegue levantar o ânimo do venerando parceiro de 83 risonhas primaveras. Esses dois rufiões coroados estão é perdendo tempo. Ao invés de partir para extorsão, deveriam ter procurado fechar com os seus orientadores vocacionais uma parceria com patrocínio do Viagra, genéricos e similares do ramo de alcova.
Quando o apimentado filme, fadado a um sucesso de bilheteria bem mais previsível do que o água-com-açúcar "Lula, O Filho do Brasil" foi exibido ao público na audiência da CPI da Pedofilia, na velha tarde de domingo passado, no Forum da Justiça Estadual de Arapiraca, o mausenhor Raimundo - feio de cara e bom de fundo - também denunciou a tentativa de extorsão. E endureceu, sem perder a ternura: - Eles só queriam dinheiro.
Aí, o Garanhão de Pelotas sobe nas tamancas: - Bolas, será que ele pensava em casamento? Chutou o balde com os votos do celibato?!? Não há notícia de que tenham sido editados até agora os proclamas para uma relação duradoura, até que a morte os separe.
O arapirado Raimundo foi adiante e revelou o que lhe foi pedido em segredo confessional: chegaram a exigir R$ 5 milhões para não jogar o vídeo na pá do ventilador e comer em tranca, engolir tudinho, para que nada fosse jogado fora.
Esse lado da história já está nas mãos do delegado regional de Arapiraca, Edno Ribeiro, da Polícia Civil alagoana: - Vamos apurar se o vídeo foi produzido para extorquir os padres ou para denunciá-los por abuso sexual.
O delegado está meio invocado: - Se o objetivo era extorsão, os ex-coroinhas vão ter que responder por extorsão. Até porque, o crime do qual eles foram vítimas, não pode encobrir outro crime que eles possam ter praticado.
É bem como deduz o Garanhão de Pelotas: - Como se vê, meus caros, a linha de investigação do delegado Ribeiro é irrefutável: se o objetivo era extorsão, eles vão responder por extorsão. Simples assim. Nem Sherlock Holmes, nem James Bond chegariam a tanto, em tão pouco tempo.
O goleiraço Daniel Fernandes tem, além da gravação, um documento - pode chamar aí de contrato extrajudicial - no qual os dois coroas e o mausenhor Luiz Marques celebram um acordo para evitar que o vídeo caísse no gosto do povo. Por ele o mausenhor dá sua palavra de honra de que pagaria R$ 32.250 pelo chá de sumiço do vídeo. Bobagem do comilão, esse tipo de pornochanchada só vira barraco quando a equipe de dublês já entrou em ação. Tanto é que uma cópia do arapirocado documento já está com o delegado que escarafuncha a tentativa de extorsão.
Na gravação clandestina da conversa com Daniel Fernandes, as duas bibas que gostavam de tocar sineta e sentir os efeitos dos badalos dizem que querem uma ajuda, porque foram abusadas sexualmente pelos padres.
Voz embargada pela emoção, ou pelo brilho dos olhos do advogado, eles dizem porque vieram ao mundo da cinegrafia pornobis: - Estamos aqui para saber o que vocês têm a dizer né, fomos abusados, mas se vocês não quiserem resolver a situação entraremos na Justiça e tem a mídia que pode estar do nosso lado, né...
Fabiano e Cícero Flávio comunicam na gravação que além do primeiro vídeo de sexo com mausenhor Luiz Marques há mais um que ainda não foi mostrado; filmado no mesmo set com imagens em outros ângulos. Os dois pedem, na mão grande, R$ 5 milhões "para resolver todos os problemas". Em nenhum momento, há referências de que o dinheiro será empregado numa operação de aborto.
Na gravação, um deles diz que se afastou da Igreja por ter contraído o vírus da Aids e que a Diocese ao saber disso teria virado as costas para ele. A essa altura, o Garanhão de Pelotas não se contém: Besteira do infeliz, parece até que só ele não sabe que esse é o legítimo vírus de bruços.
Mas o cara ainda jogou mais bosta na Geny: - A casa do monsenhor Luiz Marques está servindo como motel e todos em Arapiraca sabem disto.
A arapirotagem veio à tona, no começo de março, com a apresentação do vídeo no programa "Conexão Repórter", apresentado pelo sóbrio Roberto Cabrini, do SBT. Além dos mausenhores Luiz Marques e Raimundo Gomes, também foi acusado de abusar sexualmente dos dois inocentes coroinhas o padre Edilson Duarte. Este - que o trem não pega - confessou o crime, confirmou as denúncias dos ex-coroinhas e agora está coberto pela delação premiada. Fede como se não fosse delação.
Depois de dar com a língua - dessa vez - nos dentes e acusar de omissão dom Valério Breda, bispo de Penedo, o alcaguete de batina pediu cobertura: - Peço garantias de vida, porque o monsenhor Raimundo é muito perigoso.
Edilson Duarte e os dois mausenhores foram afastados das atidades eclesiásticas que cumpriam nas horas vagas. O afastamento foi determinado por dom Valério que dessa vez não se omitiu; assim que o escândalo ganhou repercussão nacional e chegou ao Vaticano botou os três no olho da rua.
O Garanhão de Pelotas, atento observador da sacrossanta arapirocagem, tira suas conclusões: - A trinca de safardanas hoje, com certeza, está excomungando Roberto Cabrini.