O Bavária - bar e restaurante - sempre foi o lar fora de casa do Garanhão de Pelotas. Foi ali o seu segundo porre - o primeiro se deu na veneranda Confeitaria e Panificadora Avenida, em diagonal com o Bar Copacabana - ambos de saudosa memória. O Garanhão tomou no balcão da padaria mais de meia garrafa de "Pesquinho", numa estréia etílica alopradamente adocicada, em plena flor de seus 15 anos de idade.
Ali, no bom Bavária, o nosso anti-heroi sempre se deliciou com o melhor "Colchão Alemão" e o notável bock - "Salsichão Bavária" - do Brasil e do mundo, acompanhado pelo mais frio e equidistante atendimento do Cone Sul, detalhe que encarava como um saudável e instigante desafio que o levava invariavelmente às mesas daquele refúgio - pois nunca perdeu a esperança de um dia ser bem atendido.
A marca da impessoalidade bavariana, passada de seu criador às criaturas, atravessou os anos e só se diluia diante da persistência de seus frequentadores habituais que, mais cedo ou mais tarde, conquistavam os sorrisos e as mesuras dos garçons, rasgos de simpatia que eles serviam como gorjeta a seus clientes mais assíduos.
Como, mais do que em qualquer outro ponto do planeta, os anos voam em Pelotas, o caso mais antigo dos bares e mais tradicional dos restaurantes da Princesa do Sul está saindo da vida para entrar na história: semana passada, o jornalista José Cruz tomou um cafezinho com o Garanhão de Pelotas que lhe confidenciou:
- O Bavária vai fechar.
Não é a primeira vez que dizem isso. Mas, dessa feita, a coisa tá feia. Cruz nem terminou direito de tomar o café. Deixou o Garanhão por ali e foi pra casa fazer as malas para retornar a Brasília.
Vestiu sua camisa Volta ao Mundo que mandara lavar com anil, guiou seu auto pela rodovia que liga Pelotas a Porto Alegre, pagou cinco pedágios - mais de R$ 50 - e enquanto comia uma cuíca pela estrada "apertada" pelo trânsito de caminhôes que levam e trazem o progresso da cidade de Rio Grande, pensava entristecido:
- "O Bavária vai fechar"! Uau! a última resistência dos bares/restaurantes daquele bom tempo vai embora... A Vienense, Taberna do Willy, O Gago, A Gruta, as confeitarias Gaspar, Nogueira, Brasil, Abelha... - ia contabilizando.
Estrada longa, viagem tensa, Cruz se deu conta: A referência histórica da gastronomia pelotense está se perdendo... E agora, o Sérgio Siqueira e o Behrê não terão mais aonde ir quando chegarem por lá, seu bunker de tantos e tão longos anos...
Desviou de uma carreta monstruosa. Entrou no estacionamento do aeroporto. E, depois de devolver o carro à locadora, ao comprar um coquetel de palavras cruzadas, ainda pensou antes de embarcar:
- O Otto que se prepare. Pois, apesar das guloseimas maravilhosas da Doçaria Pelotense, eles não têm paciência para aguentar o tempo que levam para atender a gente por lá... Coisa de causar inveja ao velho e bom Bavária.
Já com o avião sobrevoando Santa Catarina, Cruz ficou pensando sobre uma reportagem do jornal Zero Hora que exaltava o progresso de Rio Grande prevendo que a cidade portuária logo ultrapassará Pelotas em representatividade econômica e política.
Pelo jeito, o Garanhão tem razão uma vez mais: Está na hora de botar uma porteira ali na Ponte do Retiro e cobrar pedágio para quem quiser passar.
Bolas, o mapa do Rio Grande do Sul é, ou não é um garrafão de vinho? O gargalo está, ou não está virado para o Oceano Atlântico? Pelotas é, ou não é aquela rolha atravancada na garganta dos gaúchos?... Aquilo ali é, ou não é o funil do escoamento da produção sul-brasileira? Então, o que é mesmo que está esperando?!? Só a Ecosul pode cobrar passagem?!?
Edmar Fetter era vice-governador do estado e, uma dia, falou dessa porteira numa pescaria com amigos. O Garanhão de Pelotas levou a sério. Quer, agora, uma reunião com Fetter Júnior.
EXTRA! EXTRA!
Acabo de saber - 11h04 desta quarta-feira, 15 de abril - que uma alma santa e misericordiosa salvou aquela que sempre foi a plataforma de lançamento das noitadas do Garanhão de Pelotas. Suas duas primeiras doses triplas da finlandesa Koskenkorva com gomos de laranja, eram sempre no Bavária. O Garanhão de Pelotas deixava assim, os sinais de sua passagem e a pista indefectível de que andava pelas quebradas notívagas.
Eis que os tambores da selva citadina reverberaram de Edison Cruzeiro para Rubens Freitas que tamborilou para o Zé Cruz:
"Caro amigo, o Bavária está salvo. O magrão Poetsch, grande torcedor do Lobão, já acertou tudo com o muito trabalhador Sr. Kiko, tudo conforme informações dadas pelos profissionais Louro e Fernando hoje à noite no jantar. Fechará para pequena adequação no dia 23/4 e reabrirá em grande estilo no dia 05/5, portanto será um pequeno espaço de tempo".
E assim é que, entre mortos e feridos, estamos todos salvos. Inclusive o Garanhão de Pelotas.
EXTRA! EXTRA!
Acabo de saber - 11h04 desta quarta-feira, 15 de abril - que uma alma santa e misericordiosa salvou aquela que sempre foi a plataforma de lançamento das noitadas do Garanhão de Pelotas. Suas duas primeiras doses triplas da finlandesa Koskenkorva com gomos de laranja, eram sempre no Bavária. O Garanhão de Pelotas deixava assim, os sinais de sua passagem e a pista indefectível de que andava pelas quebradas notívagas.
Eis que os tambores da selva citadina reverberaram de Edison Cruzeiro para Rubens Freitas que tamborilou para o Zé Cruz:
"Caro amigo, o Bavária está salvo. O magrão Poetsch, grande torcedor do Lobão, já acertou tudo com o muito trabalhador Sr. Kiko, tudo conforme informações dadas pelos profissionais Louro e Fernando hoje à noite no jantar. Fechará para pequena adequação no dia 23/4 e reabrirá em grande estilo no dia 05/5, portanto será um pequeno espaço de tempo".
E assim é que, entre mortos e feridos, estamos todos salvos. Inclusive o Garanhão de Pelotas.