8 de jul. de 2011

O GARANHÃO E SUAS TRÊS COMPANHEIRAS

Hoje, o Garanhão de Pelotas, último espadachim da nobreza que se espraiou pela orla da Lagoa dos Patos - maior mancha lacustre do mundo, despertou como se estivesse naqueles dias. Frágil como uma avenca. Meio descaderado - como se um lorde pudesse padecer de uma reles dor na coluna vertebral.

Sim, mais importante que as sensações que lhe corriam a espinha, era o fato de ter coluna, de ser um zoón politikon, um animal social vertebrado - espécie em extinção no país que resta além fronteiras dos Pampas, um pouco pra lá do zunir do Minuano.

Pois, o Garanhão de Pelotas  acordou assim. Como se tivesse tomado um porre; como se tivesse sorvido, dose a dose, uma garrafa inteira de um luxuoso Dimple de 15 anos de convivência com o maltês Glenckinchie de 40 graus etílicos, antes de sentar-se à mesa de bacalhoada, na companhia de um branco incorpado de Rioja, Conde de Valdemar, fermentado em barricas.

E foi por isso mesmo, pelo Dimple, pelo bacalhau, pela parceria de um branco incorpado e não com a companhia de sua musa inspiradora, de sua bruxa bonita de olhos infinitos e de sorriso condescendente que o Garanhão de Pelotas começou o dia frágil como uma avenca, como se estivesse naqueles dias.

Como não é dado a deixar-se vencer, o Garanhão  ergueu-se impávido escorado em sua inquebrantável coluna vertebral e venceu a solidão imposta pelo novo dia longe de quem queria estar perto, dialogando com o seu trio de velhas e dóceis parceiras de momentos assim, as suas queridas e bem-amadas árvores da felicidade. Pronto, o Garanhão de Pelotas logo se sentiu um outro homem.

MORAL DA HISTÓRIA - Sem o amor que encanta, a solidão de um homem espanta.