Sim, mais importante que as sensações que lhe corriam a espinha, era o fato de ter coluna, de ser um zoón politikon, um animal social vertebrado - espécie em extinção no país que resta além fronteiras dos Pampas, um pouco pra lá do zunir do Minuano.
Pois, o Garanhão de Pelotas acordou assim. Como se tivesse tomado um porre; como se tivesse sorvido, dose a dose, uma garrafa inteira de um luxuoso Dimple de 15 anos de convivência com o maltês Glenckinchie de 40 graus etílicos, antes de sentar-se à mesa de bacalhoada, na companhia de um branco incorpado de Rioja, Conde de Valdemar, fermentado em barricas.
E foi por isso mesmo, pelo Dimple, pelo bacalhau, pela parceria de um branco incorpado e não com a companhia de sua musa inspiradora, de sua bruxa bonita de olhos infinitos e de sorriso condescendente que o Garanhão de Pelotas começou o dia frágil como uma avenca, como se estivesse naqueles dias.Como não é dado a deixar-se vencer, o Garanhão ergueu-se impávido escorado em sua inquebrantável coluna vertebral e venceu a solidão imposta pelo novo dia longe de quem queria estar perto, dialogando com o seu trio de velhas e dóceis parceiras de momentos assim, as suas queridas e bem-amadas árvores da felicidade. Pronto, o Garanhão de Pelotas logo se sentiu um outro homem.
MORAL DA HISTÓRIA - Sem o amor que encanta, a solidão de um homem espanta.