2 de ago. de 2011

O GARANHÃO E AS HARLEY DAVIDSON

O Garanhão de Pelotas  estava em plena temporada de caminhoneiro brasileiro no Texas. Queria aprender a falar a língua do Tio Sam com todos os sotaques. Cansado de ser turista, resolveu dar uma de trabalhador em busca de pequenas aventuras por grandes rodovias naqueles desertos do primeiro mundo americano.

Green card e tudo no porta-luvas, o Garanhão  resolveu dar uma parada num daqueles restaurantes de beira de estrada no meio do nada que não fosse apenas um posto de abastecimento da Texaco.

Saboreava sozinho - já que não havia sinal de mais nenhum cliente - um saudável copo de leite gelado com um farto donuts, quando entram no salão três motoqueiros típicos montadores de possantes Harley Davidson, parrudos, sujões, mal-encarados e vestidos com aquelas roupas de couro preto, cheias de penduricalhos cromados, tatuagens e piercings em profusão, coisas assim que exibem força e valentia dos que chegam em bando.

O mais feio chegou-se ao Garanhão  e apagou o cigarro no donuts dele e foi se sentar lá na ponta do balcão. O outro mais feio que o mais feio, foi até o Garanhão  cuspiu no copo de leite e sentou-se na outra ponta do balcão. Aí, o mais feio que os outros dois mais feios, aproximou-se e virou o pratinho de donuts no colo do Garanhão. Este ficou por ali mesmo, bafejando no cangote do nosso então pacato caminhoneiro incidental.

Sem dizer absolutamente nada, sem mover um só m´suculo da face, sem demonstrar qualquer reação animal, o Garanhão  levantou-se, pagou a conta, botou o boné e foi embora, na mais santa paz.

Coisa de dois ou três minutos depois, o motoqueiro mais feio disse com voz de valente para o calmo e imperturbável garçom:

- Esse cara não era homem!
- Nem homem, nem bom motorista...
- Como assim?
- Ele acabou de passar com o caminhão por cima de três motos que estavam ali fora.


MORAL DA HISTÓRIA - Não há nada melhor do que devolver àqueles que me causam algum dano, do que devolver-lhes danos muito maiores. Nem há melhor vingança do que podermos nos vingar.