Green card e tudo no porta-luvas, o Garanhão resolveu dar uma parada num daqueles restaurantes de beira de estrada no meio do nada que não fosse apenas um posto de abastecimento da Texaco.
Saboreava sozinho - já que não havia sinal de mais nenhum cliente - um saudável copo de leite gelado com um farto donuts, quando entram no salão três motoqueiros típicos montadores de possantes Harley Davidson, parrudos, sujões, mal-encarados e vestidos com aquelas roupas de couro preto, cheias de penduricalhos cromados, tatuagens e piercings em profusão, coisas assim que exibem força e valentia dos que chegam em bando.
O mais feio chegou-se ao Garanhão e apagou o cigarro no donuts dele e foi se sentar lá na ponta do balcão. O outro mais feio que o mais feio, foi até o Garanhão cuspiu no copo de leite e sentou-se na outra ponta do balcão. Aí, o mais feio que os outros dois mais feios, aproximou-se e virou o pratinho de donuts no colo do Garanhão. Este ficou por ali mesmo, bafejando no cangote do nosso então pacato caminhoneiro incidental.
Sem dizer absolutamente nada, sem mover um só m´suculo da face, sem demonstrar qualquer reação animal, o Garanhão levantou-se, pagou a conta, botou o boné e foi embora, na mais santa paz.
Coisa de dois ou três minutos depois, o motoqueiro mais feio disse com voz de valente para o calmo e imperturbável garçom:
- Esse cara não era homem!
- Nem homem, nem bom motorista...
- Como assim?
- Ele acabou de passar com o caminhão por cima de três motos que estavam ali fora.
MORAL DA HISTÓRIA - Não há nada melhor do que devolver àqueles que me causam algum dano, do que devolver-lhes danos muito maiores. Nem há melhor vingança do que podermos nos vingar.