Você já sabe como eu sou. Às vezes estou casado, às vezes não. Sempre sou meio solteiro em qualquer ocasião. Volta e meia, tenho que exercitar meus neurônios de Garanhão para escapulir de uma saia justa.
Outro dia, lá vou eu pela estrada que leva às fronteiras com a Argentina, na agradável e aconchegante companhia de uma das minhas eventuais e sempre fiéis esposas. Sentindo a vida fluir bonita, dirigindo meu Range Rover Evoque, da Land Rover, tocando em frente sem me preocupar com o consumo de combustível, eis que vibra e grita meu celular. Nefando artefato moderno, esse!
Soar assim, sem mais nem menos, dentro de um utilitário leve e esportivo como esse meu Rover zerinho a caminho de um formidando weekend é despertar suspeitas em qualquer esposa, amada, amante por mais loira que ela seja.
Tirei o celular do bolsinho superior da camisa pólo - todas as minhas Lacoste têm bolso - e, de relance registrei na retina o nome de Mellanie. Com a rapidez de um flash e sob a curiosidade penetrante de minha parceira ao lado, atendi:
- Osvaldo? Aqui não tem nenhum Osvaldo!
Encerrei o papo. Desliguei o celular e expliquei para a minha doce companheira:
- Não atendo mais essa porcaria. Esse telemarketings não tem noção. Onde já se viu telefonar em fins de semana...
Ela sorriu compreensiva e manhosa aconchegou-se a meu ombro. Só acordou de seus justos sonhos quando pararamos en una gasolinera, para saborear una medialuna com cafezinho brasileiro, mas com jeito argentino de servi-los: con caramelos de café, azúcar y edulcorantes.
MORAL DA HISTÓRIA - Nunca dê o número do seu celular para alguém que se chame Mellanie. Ela vai querer falar com você nas horas mais impróprias.